Psicologia e Ecologia:
natureza, subjetividade e suas interseções
MARÇOLLA, Bernardo. Psicologia e Ecologia: natureza, subjetividade e suas interseções. Amazon KDP, 2017. Amazon Brasil – KINDLE www.amazon.com.br/dp/B072KYHTYH Amazon US – VERSÃO IMPRESSA www.amazon.com/dp/B072KYHTYH A relação com a Vida impõe aos homens uma série de questões acerca do seu próprio ser e da natureza do mundo. Historicamente, muitos foram os caminhos pelos quais temos buscado por tais respostas, partindo de uma ampla gama de construções de caráter mítico-religioso até que, no contexto do ocidente moderno, nossa ênfase se deslocou para as promessas da ciência formal, detentora de suas próprias contradições. Através desses distintos caminhos transitam várias concepções de Natureza, as quais conservariam, entretanto, dois sentidos básicos e, ao mesmo tempo, antagônicos: o de "natureza de um ser" e o de "a Natureza”. Tal dualidade se reproduz em nossas próprias construções, gerando práticas contraditórias. Tomando como exemplo a Ecologia, vemos que, ao buscar estudar ou proteger a Natureza, por vezes acaba por deixar o homem do lado de fora. Os homens, por sua vez, tendem a considerar que seu desenvolvimento ocorre apenas à medida que a Natureza que há em si e ao seu redor possa ser subjugada. Em qualquer dos casos, a sobrevivência de um dos polos surge como antagônica à do outro. Assim, diante da dualidade básica presente no próprio conceito de Natureza, vemos que se seguiria outra, crucial: a separação entre Homem e Natureza, que se manifesta em uma ampla gama de fenômenos contemporâneos que se organizam em torno de três grandes cisões: os homens cindidos em si mesmos, os homens cindidos entre si e os homens cindidos frente à Natureza. Tudo isso é vivenciado em nossa precária vida subjetiva, na fragilidade de nossos vínculos interpessoais e na violência das relações que estabelecemos com o meio-ambiente e com outras formas de vida. A fim de superar tais cisões, trazemos à tona o conceito de identidade, apontado como instrumento capaz de promover a complexa articulação entre as esferas da Natureza e da subjetividade. Através dele, compreendemos o modo como os sentidos presentes no conceito de Natureza se traduzem em distintas possibilidades de constituição da identidade humana – a qual, por sua vez, se reflete em contextos subjetivos, intersubjetivos e planetários. Diante de uma visão ampliada de nós mesmos e das relações – concretas e simbólicas – que estabelecemos com o mundo, somos levados a colocar em questão os limites e interseções tradicionalmente estabelecidos entre Psicologia e Ecologia, imbricados que estão em nossa própria Natureza, o que nos permitiria vislumbrar maior número de ângulos e perspectivas. Podemos, assim, nos aproximar do Real de um modo menos reducionista, de forma a considerar as interpenetrações e interseções que se constituem e operam entre suas dimensões. |