O livro e o vórtice: porosidade poética e fluidez em Tutaméia
MARÇOLLA, Bernardo. O livro e o vórtice: porosidade poética e fluidez em Tutaméia. Amazon KDP, 2017. Amazon Brasil – KINDLE www.amazon.com.br/dp/B071196FSZ Amazon US – VERSÃO IMPRESSA www.amazon.com/dp/B071196FSZ No contexto da crítica literária acerca da obra rosiana, o presente estudo busca perscrutar o movimento complexo que, ao mesmo tempo, percorre e constitui a unidade/diversidade de Tutaméia, utilizando como chave de leitura o conceito de “porosidade poética”, o qual concebe a arte como veículo que transita por entre diversos níveis de realidade. Deste modo, as inúmeras peças que compõem o mosaico formado pela obra poderiam ser lidas à luz do movimento, o que nos permitiria compreendê-lo como algo não apenas plural, mas intrinsecamente dinâmico. Temos, assim, a leitura e análise das quarenta e quatro estórias que compõem Tutaméia, buscando não a interpretação exaustiva de cada conto específico, mas o modo como, em cada um, se introduz a questão do movimento – seja ele temporal, espacial, dimensional ou subjetivo. Essa seria a visão do movimento no interior de cada estória. A análise de tais movimentos, tomados em seu conjunto, buscará averiguar como os mesmos circulam ou se relacionam no decorrer da obra: essa seria a visão do movimento que se constitui entre as estórias. Finalmente, o foco se desloca para as relações que se estabelecem entre os diversos textos e dimensões que convivem no âmbito da obra, compreendidos como níveis narrativos, tendo como base sua movimentação: essa seria a visão do movimento no livro. De forma inversa, se há uma tentativa de interpretação do livro pelo conceito – uma vez que se trata de um conceito aberto –, aquela há de retroagir sobre este, modificando-o e abrindo espaço para novos diálogos. Diante de mecanismos de percepção que se colocam como mediadores do contato poroso entre homem e mundo, abriu-se espaço para o diálogo com a perspectiva fenomenológica de Merleau-Ponty, com destaque para as noções de “quiasma”, “entremundo” e “intercorporeidade”. Por outro lado, através da aproximação efetuada entre os movimentos identificados na leitura do livro e as propriedades dinâmicas e estéticas dos fluidos, dialogamos também com a perspectiva antroposófica de Theodor Schwenk que, ao compreender a água como princípio formador do Cosmos, se dedica ao desvelamento de seus movimentos arquetípicos; de modo que esferas, meandros, espirais, ondas, vórtices e redemoinhos revelam propriedades que nos levam a rever a nossa relação não apenas com a arte, mas com a própria Vida. |